Primeiramente, quem não se recorda do bordel e suas meninas da novela “O Outro Lado do Paraíso”? Mais do que o cenário e as personagens, mais marcantes são as cenas em que, de forma reticente, conversam sobre a vida que querem levar fora do bordel, tornando-se casada ganhando a vida longe da prostituição.
Frequentemente, é claro que esse não é o desejo de várias mulheres; que encontraram nesse ramo, uma fonte de sustento ou saída para situações complicadas que, diferente das novelas, nem sempre tiveram um final feliz.
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O casal conta que, por algum tempo, a relação ficou conturbada por conta da opção de Joseane em continuar trabalhando no ramo da prostituição. “Eu sou assim. Homem nenhum vai mudar a minha vida, eu me fiz sozinha e não mudo por ninguém. Claro que a gente acaba [cedendo] um pouco aqui e ali, mas a gente brigou bastante por causa disso. Contudo, eu acho que ele foi entendendo e ficando mais tranquilo”, comentou Joseane.
Finalmente, questionado sobre os métodos para lidar com os ciúmes em relação a mulher, Danilo conta que era difícil no início, entretanto foi ficando mais fácil com o tempo. “Hoje em dia eu já quase não ligo. Fico bravo quando a profissão atrapalha os nossos planos, mas fora isso, deixo ela trabalhar e não pergunto muito. Ela sabe se virar. Tenho medo de que aconteça alguma coisa com ela durante algum programa, por isso ela sempre tenta me avisar onde vai estar. Fico mais seguro”, relatou.
A Família
Antes de mais nada, sobre a aceitação da família, Danilo conta que não tem contato com os parentes, com exceção de uma irmã, que hoje vive no Tocantins. “Para os amigos, a gente não fala nada. Uma vez comentei com um amigo, sem falar que era eu, o que ele acharia se algum conhecido dele namorasse uma prostituta. O cara começou a falar tanta besteira que depois disso eu nunca mais tentei conversar com mais ninguém. Com certeza algumas pessoas devem desconfiar, mas nunca falam nada. O pessoal tem preconceito, claro, não é uma coisa normal para a maioria das pessoas. Para mim também não era. Se eu já sofri com isso, imagina o que os outros vão pensar? Prefiro ficar na minha. Até acabei me afastando dos meus amigos por causa da situação toda”.
Morando juntos há cerca de um ano, o casal já planeja aumentar a família no futuro. “A gente pensa sim em ter um filho daqui a algum tempo. Eu acho até que vou acabar sendo obrigada a deixar de fazer programa. Claro que não faço isso por prazer, não vou mentir, hoje faço apenas pelo dinheiro. Essa é a parte difícil, porque o dinheiro é bom, e a partir do momento que eu tiver uma criança para cuidar, vou precisar ser mais responsável também. Não vai ser apenas o dinheiro, preciso pensar no perigo da profissão. Vou ter que conseguir um emprego normal e me dedicar mais a cuidar do meu filho, vamos ver. Ainda são apenas planos”, finalizou.
Saindo da “Vida”
“Não me arrependo de ter sido prostituta, mas sim, de ter vivido um relacionamento abusivo com meu ex”…
Após 12 anos prestando consultoria para farmacêuticas, a administradora com gestão tributária, sofreu um golpe financeiro de seu parceiro no passado que a levou a ser demitida por justa causa. Sem dinheiro, durante uma conversa pela internet, recebeu um ‘olheiro’ uma proposta para se tornar acompanhante de luxo…
Já há 3 meses desempregada e não queria voltar para a casa da mãe. O dinheiro era bom e decidiu fazer o ‘book rosa’. Adicionada num grupo restrito de executivos do Facebook (entre 35 a 56 anos), seus clientes eram por indicação. Nunca saiu com ninguém que não quisesse.
Tinha uma agenda com cerca de 25 clientes, e não saía com ninguém por menos de R$ 500. Também não atendia mais de um homem por dia. Não havia limite de horas, mas cobrava a mais, em caso de pernoite. Eram jantares, almoços ou apenas companhia nos quartos de motéis. Seu primeiro cliente foi um professor de faculdade. Passava a tarde no quarto do motel, com ele cantando tocando violão…
Além de executivos, atendia delegados, agentes da Polícia Federal e alguns pastores de igrejas evangélicas. O que eles mais queriam era fazer sexo anal. Muitas vezes, também buscavam por uma psicóloga, alguém para ouvi-los. Faturava cerca de três mil por semana. Reformou a casa de sua mãe, comprei um carro e guardou dinheiro.
Amor Inesperado
Fez programas durante oito meses. Nessa época, começou a conversar pelo Facebook com um dos executivos do grupo. Uma noite, ele marcou um encontro, foram jantar e passaram a noite juntos. Não conseguiu cobrar dele. Se viam direto e começou um relacionamento. Tinha dia que chegava em casa e ele estava lá, deitado em sua cama. Em um mês e meio, ele se mudou para sua casa. Casaram-se e são felizes.
Já escrevemos uma matéria sobre homens que se apaixonaram por uma acompanhante no Blog. Lívia nunca achou que fosse encontrar o amor de sua vida fazendo programas. Era apenas sexo e dinheiro. Fora sua terapeuta, apenas ela e seu marido sabem da história. Não se arrepende de ter sido garota de programa, mas arrepende-se, sim, de ter vivido o relacionamento anterior. Sofreu abusos psicológicos com ele e, por causa dele, perdeu até o emprego.
Psicologia
Guilherme Haddad é psicólogo e relata que a questão sexual como profissão ainda é encarada como um tabu pela sociedade, ou seja, pode afetar muito o relacionamento. “A pessoa que está em um relacionamento com uma garota de programa, como é o caso do Danilo, precisa estar preparada para as dificuldades que vai encontrar pela frente : emocionais tanto quanto sociais. A pessoa que se envolve com uma prostituta, em muitos casos, sabe o que lhe espera em termos de exclusividade e disponibilidade dentro de um relacionamento”, explicou o profissional.
Em síntese, para o especialista, o ciúme é um dos sentimentos mais prováveis de aparecer em uma relação como essa, já que, é normal que o homem inserido na sociedade sinta ciúmes da parceira. A relação provavelmente causará alguma dor para os envolvidos. Muitas mulheres entram na profissão por causa do dinheiro, outras por conta de uma questão emocional mal resolvida, não podemos afirmar qual a motivação de cada uma, pois essa é uma questão singular. Portanto, podemos afirmar que, consequentemente, essas mulheres serão rotuladas por conta da exposição pessoal. Portanto, Isso pode ser extremamente doloroso quando inserido no contexto de um relacionamento”, finalizou.
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