Você já cansou de ouvir “é a mais antiga profissão do mundo”! Já escrevemos um artigo sobre isso aqui no Blog. Mencionamos as prostitutas sagradas da Babilônia, da Grécia e da Roma Antiga…
A moral judaico cristã dessacralizou o sexo, punindo práticas e prostitutas. Vamos descobrir como, no Brasil, a prostituição se esparramou com a colonização. Se no mundo se espalhou, no Brasil: frutificou!
“Esse país parece um cabaré”
A prostituição chega, praticamente, junto as naus. Em 1549, padre Manoel da Nóbrega, nota a falta de mulheres brancas na colônia e pede que sejam encaminhadas (mesmo as “erradas”): órfãs, desviantes, mas não, exatamente, prostitutas por assim dizer.
No Brasil colônia, a prostituição se relacionava a dois fatores:
- corrida do ouro;
- escravidão.
Nos Estados Unidos, escritores e o cinema mistificaram a corrida pelo ouro. No Brasil, deu-se 200 anos antes e sem nenhum retoque. Mesmo assim, pouco se sabe da rudez e violência praticadas nas Minas Gerais.
Nos acampamentos de garimpo habitava todo tipo de “encrenca“. Entre 300 e 400 prostitutas foram levadas à região por senhores de escravos cientes da lucratividade do negócio.
A palavra ‘encrenca’ deriva do idioma iidiche (língua dos judeus da Europa Central). Quando achavam que um cliente tinha doença venérea, falavam ‘ein krenke’ (krank significa “doente” em alemão). Nascia, assim, a palavra usada no Brasil para designar uma situação difícil.
Mulheres da Janela
Como numa velha Amsterdã de estilo colonial, escravas eram exibidas nas janelas. Conhecidas por “mulheres da janela” ou (pior ainda!) “meninas da janela” (ofereciam-se também as menores) tinham seu sexo comercializado pelos senhores. Eram obrigadas a faturar até 10.000 réis num dia, senão, eram punidas.
A prostituição rapidamente alcançou o Rio de Janeiro. As senhoras, donas de escravas, passaram a prostituii-las também. Dezenas de relatos confirmam as práticas; apesar do foco maior ter sido em Minas.
Em São Paulo, eram oferecidas à beira das fontes; caminho dos que recolhiam água (inclusive em Salvador).
Em 1717, Le Barbinais, um jovem francês que viajava, relatou ter encontrado 255 meninas da janela em Salvador; repletas de joias, em trajes menores e chamando por clientes.
O Meretrício Carioca
Em 1808, a corte portuguesa se estabelece. O Rio de Janeiro se torna centro cosmopolita. Jean-Baptiste Debret relatou escravas vendendo doces também oferecendo outros serviços aos transeuntes. A menção reconhecia, mas protegia os exploradores.
1845: Dr. Herculano da Cunha faz um raio X do mercado sexual carioca e reconhece três categorias :
- Prostitutas de Alto Nível: Envolvia mulheres brancas. Inicialmente, desvalidas que atendiam à domicílio na região da Lapa. Algumas eram costureiras, as “mulheres que costuravam pra fora”;
- Prostituição de Segundo Nível: Em casas mais afastadas, em Botafogo e no Jardim Botânico;
- Baixo Meretrício: Na Rua do Sabão e no Beco dos Ferradores.
Kaftan / Cafetão e Cafetina
Do turco KAFTAN, era o nome da roupagem longa como casacos característicos dos russos. Permaneceu como referência a chefes de bordeis por conta dos Zwig Migdal.
Surge a cafetina intermediando o serviço para os senhores nobres. Uma das mais conhecidas (conhecida como “Barbada”, pois possuía um pequeno cavanhaque), foi denunciada pelo Juiz Miguel Tavares. Ele havia Iniciado uma campanha contra a prostituição; que vinculava à escravidão e tomava como degradante.
Francesa que Era Polaca
Em janeiro de 1867, desembarcam no Brasil, as eternas “polacas”: mulheres enganadas pela mafiosa organização Zwi Migdal do Leste Europeu. A “Instituição de Ajuda Mútua de Varsóvia” era um nome de fachada utilizado para aplicação do golpe. Especula-se que trouxeram cerca de 5.000 mulheres para o Rio de Janeiro e também Buenos Aires (onde tinham 3.000 bordeis).
Diziam-se francesas, mas eram polacas. Havia uma subserviência pela cultura francesa naquela época. Os homens acreditavam ser fundamental dormir com uma francesa para se sentirem tal como um francês legítimo.
Nesse grupo de mulheres também nasceu uma hierarquia. Os “cafés concerto” e “bares de artistas” tinham boa reputação, esbanjavam luxo, mulheres elegantes e som de piano ao fundo. Uma comitiva de empregados era preciso para tudo funcionar: pianistas, garçons, barman, seguranças, arrumadeiras… A prostituição fazia a economia girar! Futuramente, surgiriam os bordéis e os cabarés.
O Mangue
Enquanto isso, numa pior situação, meretrizes atendiam pela Praça 11, na Cidade Nova e também no mangue. A sordidez do mangue inspira um texto de Stephan Zweig (autor de “Brasil, País do Futuro”) que visitou a região e imortalizou sua atmosfera.
Retratadas por Di Cavalcanti e Lasar Segall (dois grande pintores brasileiros), as prostitutas do mangue no baixo meretrício foram até defendidas pela visão generosa dos artistas.
Em 1871, novamente, Dr. Miguel Tavares declara que a Constituição Imperial permitia aos senhores prostituir suas escravas livremente. Dessa forma, perpetuando e espalhando rapidamente pela corte (chamada, por ele, de o “Nosso Chifre”; um antro de perversidade) a prática da prostituição.
Com a abertura da Avenida Central, virando o século e o afrancesamento do Rio, prostitutas passaram a frequentar lugares nobres como a Confeitaria Colombo. O estabelecimento era frequentado por “mulheres de bem” entre as 14h e 17h e, a partir das 17:30h, por prostitutas de luxo.
La Bélle Époque
Os anos 20: contexto radical e transgressor. Surge a libertação sexual! Garotas encurtam seus cabelos, a prostituição fervilha e pais levam seus filhos aos bordéis para iniciarem a sexualidade.
Um dos argumentos mais comuns pró prostituição é o de que homens poderiam dar vazão a seus impulsos, sem perturbar boas moças castas e da sociedade.
Homens e prostitutas se divertiam, deixando de fora donas de casa; preservadas para se conformarem como mãe dos filhos dos que frequentavam assiduamente os tais bordéis.
Que raios é “onanismo”?
Naquela época, um discurso médico defendia as prostitutas. Acredita-se que os jovens com acesso ao sexo, não cairiam na armadilha do “onanismo” (a masturbação). Haviam também uma tese que defendia a prática do sexo (o amor carnal) extraconjugal enquanto, dentro de casa, o “amor” se limitaria à reprodução.
Cemitério das Polacas
Muitas casas foram cenário de encontros e conchavos de políticos. Prostitutas acompanhavam o desenrolar da história do país em primeira mão. Mesmo rodeadas por políticos, as polacas não podiam fugir da exclusão inexorável. Tiveram que criar sua própria sinagoga, sua própria sociedade e lhes fora negado até o direito de um enterro nos cemitérios de judeus.
A comunidade judaica ligada à Praça Onze não permitia sua entrada em campo santo. Conhecido como “cemitério das polacas”, o cemitério das prostitutas judias é referência de desprezo por essas pobres mulheres enganadas.
Ditadura
Com a abertura da Avenida Presidente Vargas, a repressão na Praça Onze alcançou seu auge. O presidente Getúlio (frequentador de bordéis e que tinha amante fixa), no seu governo (fortemente antissemita), ataca a praça.
Prostitutas, imigrantes espanhóis e italianos anarquistas, cantores de samba e judeus foram caçados e, ironicamente, o grupo Zwig Migdal permaneceu imune enquanto suas vítimas eram punidas.
Em 1941, o bairro Bom Retiro (de São Paulo) também é atacado. Duas mil mulheres são retiradas da zona de meretrício pelos Varguistas.
Fora, Hipocrisia!
Em julho de 1987, uma guinada: o 1º Encontro Nacional de Prostitutas liderado por Gabriela Leite, ex-prostituta, surge para combater a hipocrisia e preconceitos da prostituição.
No início dos anos 90, surgem as garotas de programa com o advento da internet nos lares brasileiros. No ambiente virtual, universitárias e mulheres em busca de sustento são representadas por Bruna Surfistinha, alcançando os dias atuais com muita representatividade e mais direitos.
Todo esse artigo é uma fração da história brasileira. Ainda há muito que saber sobre o assunto… Celebre a liberdade e o fim da repressão ao lado das melhores acompanhantes de São Paulo! Acesse o Clubmodel e festeje em grande estilo!
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